O desafio das traduções bíblicas é ser fiel ao texto original e, ao mesmo tempo, se adaptar a linguagem contemporânea e se apresentar de forma compreensível ao leitor. O catequista recebe um desafio semelhante: ensinar a leitura bíblica de forma clara e inspiradora. Um caminho, simples, porém eficaz, é incentivar a leitura pela familiarização com a Bíblia. Saber encontrar as passagens bíblicas já é de grande ajuda na prática da leitura constante, o que pode ser feito com algumas informações simples.
Geralmente, nas primeiras ou últimas páginas da Bíblia, nós podemos ler as abreviaturas, em sua grande maioria, intuitivas para quem já conhece os livros, aos exemplos de Gênesis (Gn), Mateus (Mt) e Apocalipse (Ap). Já outros podem confundir, como a abreviatura do Evangelho de João (Jo), que com um acento nos remete ao livro de Jó (Jó), e com números as Cartas de João (1Jo, 2Jo e 3Jo). O mesmo pode ocorrer com o Evangelho de Marcos (Mc) e os livros de Macabeus (1Mc e 2Mc). A prática da leitura do índice e das abreviaturas evitará confusões, o que pode ser feito nos encontros de catequese e incentivado no cotidiano dos catequisando, até que todos se sintam seguros.
Compreendendo melhor as abreviaturas das passagens bíblicas, chega o momento da vírgula (,), do hífen (-), do ponto e vírgula (;) e do ponto (.). Recentemente, o 26º Domingo do Tempo Comum (o ano é 2021) apresentou um bom exemplo para essa lição, que é a leitura de Mc 9,38-43.45.47-48. De início, nos dirigimos ao Evangelho de Marcos (Mc), depois ao capítulo 9, que é número indicado imediatamente após o livro. A vírgula separa o livro dos versículos e o hífen indica uma sequência. Então, no nosso exemplo temos o Evangelho de Marcos, capítulo 9, versículos do 38 ao 43, ou seja, 38, 39, 40, 41, 42 e 43. Ainda tem mais: O ponto significa “e”. Então, a leitura se interrompe no versículo 43 e segue para os versículos 45 e 47 (notou o “e”?). Em outras palavras, não serão lidos os versículos 44 e 46.
Em outro exemplo, o ponto vírgula é usado para separar capítulos, assim: em Lc 1,26-38; 2,1-7, lemos Evangelho de Lucas, capítulo 1, versículos do 26 ao 38 e capítulo 2 (do mesmo livro), versículos do 1 ao 7. Caso o ponto e virgule separe livros fica mais fácil, é só aplicar as regras comuns. Exemplo: Jo 20,19-23; At 2,1-4 indica o Evangelho de João, capítulo 20, versículos do 19 ao 23 e Atos dos Apóstolos, capítulo 2, versículos do 1 ao 4.
De forma objetiva, a abreviatura do livro é seguida do número do capítulo que é separado dos versículos por vírgula (,). Os versículos são lidos em sequência quando separados por hífen (-), então hífen se lê “ao”. Já o ponto (.) se lê “e” e o ponto e vírgula (;) separa capítulos e livros. A propósito, algumas versões da Bíblia trazem indicações de passagens nos próprios textos ou nas notas de rodapé, como quando lemos Mt 6, 17-18 e encontramos a indicação de Is 58, 3, Novo e Antigo Testamentos trazem orientação sobre o verdadeiro significado jejum. Essas indicações trazem imensa riqueza a leitura.
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A Bíblia, as passagens bíblicas, representam uma fonte estável de comunicação e de comunhão de Deus conosco. Graças as Palavras proféticas que foram registrados foi possível reconhecer o Verbo que se fez carne e veio morar no meio de nós (Jo 1, 14). Jesus é o Verbo Encarnado que veio ao mundo comunicar aos homens, através de obras e palavras, a Verdade que liberta (Jo 8, 32). Para viver com coerência a fé e a doutrina que se inspira nas Sagradas Escrituras é preciso que o leitor perceba na leitura bíblica a Palavra de Deus e que a acolha, de fato, como fonte de Verdade. Familiarizados com a Bíblia, a leitura se torna mais natural, primeiro passo para adquirir a prática da leitura constante. Que possamos transmitir esse hábito aos catequizandos. Que assim seja!
