O princípio da nossa Igreja, como sabemos, foi dado em casa, nas residências dos primeiros seguidores. Devido às perseguições dos primeiros cristãos, o culto e a catequese aconteciam “escondidos” nesses locais. A Igreja era familiar, era doméstica, e acontecia no dia a dia dos lares.
Com o desenvolvimento e crescimento da Igreja e suas conquistas, os templos e toda organização hierárquica que conhecemos foi constituída. Contudo, a família parou de celebrar em seu lar o que era primordial: a oração, a fração do pão, a partilha e a leitura da Palavra.
O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS DA IGREJA?
Com a preocupação dos padres e poderes religiosos, a Igreja volta-se às famílias para que regressem ao amor primeiro e pede para que a fé habite primeiro nos lares, que os pais sejam os primeiros educadores da fé, fazendo assim da família e do lar uma Igreja Doméstica.
Termo usado no Concílio Vaticano II, quando os padres conciliares redigiram a Constituição Dogmática Lumen Gentium: “Na família, como numa Igreja Doméstica, devem os pais, pela palavra e pelo exemplo, ser para os filhos os primeiros arautos da fé e favorecer a vocação própria de cada um, especialmente a vocação sagrada” (LG, n. 11).
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É a família o “patrimônio da humanidade” (LG, n. 11). É na família que nós cristãos devemos aprender o início de nossa educação na fé, as primeiras orações, o amor à Palavra de Deus e a caridade. Os pais ou responsáveis devem ser os primeiros a dar o exemplo e incentivar as crianças e jovens a prática da fé.
A família é o berço de onde provém a educação social, moral, civil e religiosa. É no cotidiano que se formam bons cidadãos e bons cristãos. É pela Igreja Doméstica que a sociedade se transforma e se forma para um mundo melhor. Como nos diz a Constituição Pastoral Gaudium et Spes: “Desta maneira, a família constitui o fundamento da sociedade” (GS, n. 52).
AMORIS LAETITIA
O Papa Francisco, em uma mensagem no ano de 2021 sobre a Exortação Apostólica Pós-sinodal Amoris Laetitia, nos disse:
“A família é ‘Igreja Doméstica’, lugar onde a presença sacramental de Cristo atua entre os cônjuges e entre os pais e os filhos. Nesse sentido, ‘o amor vivido em família é uma força permanente para a vida da Igreja’, constantemente enriquecida pela vida de todas as Igrejas Domésticas. Portanto, em virtude do Sacramento do Matrimônio, toda a família se torna, para todos os efeitos, um bem para a Igreja” (Mensagem para o Fórum “Em que ponto estamos com a Amoris Laetitia? Estratégias para a aplicação da exortação apostólica do Papa Francisco” do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida – 9 a 12 de junho de 2021).
Quem não se lembra de uma música que a avó cantava, um rádio ligado na hora do terço, a TV ligada bem cedo para participar de uma Missa, além das orações e novenas em casa, na época de Natal ou por alguma ocasião. Bandeiras do Divino, procissões, práticas quaresmais como o jejum e a penitência, encontros bíblicos. Todos esses momentos são símbolos de fé e práticas cristãs que devem e precisam ser ensinadas e alimentadas na Igreja Doméstica.
O jovem e a criança que chegam à catequese devem carregar muitos ensinamentos vindos das experiências e práticas da Igreja Doméstica da qual participa. Aos catequistas fica a missão de orientar na fé, enamorar o catequizando pela Igreja e por Jesus, dar os ensinamentos mais profundos bíblicos e da fé.
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CATEQUESE E IGREJA DOMÉSTICA
Cabe à catequese auxiliar os pais nesse desenvolvimento da Igreja Doméstica, mostrando caminhos e meios para que possam ser verdadeiros educadores da fé. Momentos de oração familiar, roteiros celebrativos, dinâmicas, altares e orações diárias, vão edificar a Igreja Doméstica e fazer deles uma boa família.
No dia a dia, da oração inicial do dia, das orações antes das refeições, até a leitura de trechos bíblicos à noite, montagem de altares com a imagem de Nossa Senhora, de Jesus, dos santos, vão construindo bons momentos para a família.
Nós, catequistas, ajudemos, com empenho, a formar crianças e jovens de fé que tenham a consciência da importância da oração familiar. Ajudemos as famílias a se edificarem nesse processo de se tornar uma grande Igreja Doméstica. Não desanimemos nesse processo.
Precisamos estar atentos em disseminar o amor de Deus nos lares, como nos diz o Papa Francisco, cooperando “de forma fecunda no cuidado e na proteção das ‘Igrejas Domésticas’” que irão “construir as famílias do amanhã”.
Douglas dos Santos Reis Rocha – Formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Anhanguera de Taubaté (SP), em Filosofia pela Universidade Salesiana de Lorena (SP) e pós-graduado em Marketing e Negócios pela UNIFATEA. Catequista e leigo engajado em pastorais.
1 comentário
Bela mensagem.
Foi bem interessante esse conteúdo.