Os presentes trazidos pelos três reis magos são ricos em significados!
Os “reis magos” são personagens citados apenas no Evangelho de Mateus (cf. Mt 2,1-12), relatando que visitaram o menino Jesus trazendo-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. O evangelista não diz quantos eram nem se eram reis, muito menos quais eram seus nomes. Porém, ao longo do tempo adquiriu-se uma devoção muito grande a esses personagens como se pode ver na piedade popular.
O nome “mago”, no tempo de Jesus, era sinônimo de “sábio”, tratamento dado de modo especial aos que estudavam os astros (astrólogos ou astrônomos). O texto diz que viram uma estrela e foram, por isso, até a região onde nascera Jesus. Nesse caso, os magos que vieram adorar Jesus eram pagãos de boa-fé que, desejosos em conhecer a verdadeira religião, veem nos sinais do céu a resposta às suas interrogações.
A caminho da Estrela
De acordo com a narração de Mateus, sabendo que se tratava do nascimento de um rei, os magos vão até o palácio de Herodes em Jerusalém e perguntam quem era o rei que nascera, pois viram aparecer a “sua estrela”. Herodes claramente não conhecia a profecia do Antigo Testamento (Mq 5,1) e consultou os sábios que lhe serviam sobre o lugar onde deveria nascer o Messias. Tendo sabido que o lugar era Belém, mandou-lhes àquela cidade, pedindo-lhes que avisassem a ele o lugar exato onde encontrar o menino para que “também ele pudesse adorá-lo”. Na verdade, Herodes não tinha a intenção de adorar o menino Jesus, e sim de matá-lo, dado que se sentiu ameaçado e com medo de perder o seu poder.
Guiados pela estrela, os magos chegaram a Belém, que ficava a cerca de 10 quilômetros de Jerusalém. Diante do menino, ofereceram-lhe como presente ouro, incenso e mirra. Tendo sido avisados, em sonho, para não dizer nada a Herodes, voltaram para as suas terras por um outro caminho. Uma vez descoberto o engano, o rei Herodes mandou matar todas as crianças de Belém que tivessem menos de dois anos.
Leia mais:
Quando devo desmontar o presépio, a árvore e os enfeites de Natal?
Os presentes e seu significado
Os presentes trazidos pelos magos são ricos em significados: o ouro é o metal precioso por excelência e simboliza a realeza, um presente reservado aos reis na antiguidade; o incenso é símbolo da divindade, um perfume que se queima, usado nos templos para simbolizar a oração que chega a Deus assim como a fumaça que sobe ao céu, presente reservado na época aos sacerdotes; a mirra vem de uma planta medicinal que, misturada ao óleo, era usada para fins medicinais, cosméticos, religiosos e também para embalsamar corpos, simboliza a humanidade, o futuro sofrimento redentor de Cristo e era o presente dado aos profetas. Dessa maneira, através dos presentes, os magos reconheceram o menino Jesus como Rei, Deus e Profeta.
A primeira possível menção, relacionada aos nomes dos magos, ocorreu no Evangelho Apócrifo de Armeno, no fim do século VI, no capítulo 5,10:
Um anjo do Senhor foi depressa ao país dos persas para avisar aos reis magos e ordenar a eles de ir e adorar o menino que acabara de nascer. Estes, depois de ter caminhado durante nove meses, tendo por guia a estrela, chegaram à meta exatamente quando Maria tinha dado à luz. Precisa-se saber que, naquele tempo, o reino persiano dominava todos os reis do Oriente, por causa do seu poder e das suas vitórias.
Melquior, Baltasar e Gaspar
Os reis magos eram 3 irmãos: Melquior, que reinava sobre os persianos; Baltasar, que era rei dos indianos, e Gaspar, que dominava no país dos árabes.
Ainda, os nomes podem ser encontrados nos escritos de São Beda (673-735) que mencionou seus significados: Gaspar é “aquele que vai inspecionar”, Melquior significa “meu Rei é luz”, e Baltasar se traduz por “Deus manifesta o Rei”. Para São Beda e para alguns outros doutores da Igreja, os três magos representam as três raças humanas existentes, em idades diferentes. Nesse sentido, representavam os reis e os povos de todo o mundo.
Alguns estudiosos interpretam a chegada dos magos como o cumprimento da profecia de David: “Os reis de Társis e das ilhas enviarão presentes, os reis de Sabá e Seba pagarão tributo. Todos os reis se prostrarão diante dele, e todas as nações o servirão” (Sl 72,10-11).
Epifania do Senhor
A festa da adoração dos “reis magos” ao menino Jesus recebeu o nome de Epifania do Senhor. Epifania provém de um termo grego, que significa “manifestação; aparição; fenômeno miraculoso”. A Solenidade da Epifania do Senhor é celebrada em 6 de janeiro, mas a liturgia a coloca no domingo entre 2 a 8 de janeiro no Brasil.
Diante disso, o que podemos aprender com a visita dos magos e com os presentes oferecidos ao menino Jesus? A passagem do Evangelho de Mateus, mais do que narrar um fato histórico, quer transmitir uma mensagem: o menino Jesus fora rejeitado pelo poder constituído da época. Por outro lado, Ele foi acolhido e reconhecido por pessoas que não tinham títulos especiais e pelos gentios, isto é, não judeus. Portanto, Mateus quer mostrar que o menino Jesus veio para todos, crentes e não crentes, judeus e não judeus. Sua mensagem é universal, destinada a ir longe. Os presentes mostram sua identidade: o Messias, Rei dos reis, enviado a cumprir plenamente o projeto do Pai, anunciando o Reino e denunciando todas as injustiças.