A Exortação Apostólica pós-Sinonal “Catechesi Tradendae” afirma que a Igreja “é convidada a consagrar à Catequese os seus melhores recursos de pessoal e de energias, sem se poupar a esforços, trabalhos e meios materiais, para organizar melhor e formar para ela pessoas qualificadas (n. 15)”. Inspirados por essa afirmativa, podemos dizer que os próprios catequistas também são convidados a consagrar à catequese suas energias, criatividade, tempo e dedicação. A ação catequética é prioridade em qualquer comunidade eclesial, pois sem ela a vida pastoral perde sua dinamicidade.
Sendo assim, é fundamental afirmar sempre que a catequese não se faz apenas com boa vontade. São comuns nas comunidades paroquiais, pessoas que se apresentam como voluntárias no trabalho evangelizador. No entanto, na Igreja o termo correto para aqueles que se colocam a serviço não é voluntariado, mas missão. O voluntário, geralmente, oferece o tempo que lhe é disponível, mas o missionário precisa dar um passo a mais, consagrando seu melhor tempo ao serviço do Reino.
Além disso, é comum encontrar pessoas que são catequistas, mas também desempenham outros tantos trabalhos na comunidade, o que compromete sua dedicação aos catequizandos. Para ser catequista é necessário ter disponibilidade para a oração, o estudo, os encontros de formação, reuniões para preparar os encontros, etc. Sem isso, a catequese não caminha. Por isso, é impossível falar de catequese de qualidade sem falar em planejamento.
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Inspirados por Jesus
O texto bíblico que inspirou o ano catequético de 2009 será sempre modelo para os catequistas que devem encontrar no comportamento de Jesus pistas para um bom trabalho catequético. No episódio dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), Jesus ensina como um catequista deve agir. Sua paciência em acompanhar os discípulos e aguardar o momento certo para falar-lhes ao coração é pista fundamental no comportamento de todo aquele que deseja catequizar. Portanto, todo planejamento na catequese pode se inspirar na caminhada que Jesus faz com eles.
Ao se colocar a caminho com aqueles discípulos, Jesus procura ouvi-los atentamente. Cada um deles partilha suas angústias, demonstrando como estavam seus corações naquela manhã. Jesus não tem pressa, ouve e acolhe, dá atenção. Quando percebe o momento de falar, não se apresenta de imediato, mas faz com que eles recordem as Escrituras. Catequese sem a Palavra não tira ninguém da escuridão. E assim, cuidadosamente, Jesus apresenta-lhes o conteúdo da história da Salvação, fazendo arder o coração daqueles dois.
Por fim, após verdadeira Catequese, Jesus espera que eles o convidem para a refeição: “Fica conosco Senhor, é tarde e a noite vem chegando” (Lc 24,29). Certamente, a noite que se aproximava do lado de fora já os tinha atingido durante todo o dia do lado de dentro. Seus corações estavam nas trevas. Ao partir o pão com eles, tudo se enche de luz e passa a fazer sentido. O Mestre estava com eles. É momento de partilhar com os outros a experiência do encontro.
Só uma catequese bem planejada é capaz de fazer isso. O catequista que compreende sua missão precisa planejar bem sua ação para que, no caminho, tenha capacidade de ouvir seus catequizandos, mostrar-se atento e acolhedor às suas angústias, apresentar-lhes luz sobre a realidade, conduzindo-os à mesa da partilha para que, fortalecidos pelo Ressuscitado, encontrem ânimo de partilhar com os outros suas experiências de fé e vida.
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O “saber fazer” do catequista
O Diretório Nacional de Catequese, ao tratar da catequese como educação da fé, oferece critérios para o perfil de um bom catequista. Tais critérios são apresentados a partir de três dimensões: ser, saber e saber fazer em comunidade. O “ser” se refere à sua pessoa, o “saber” ao seu conhecimento e o “saber fazer” à pedagogia da catequese, inspirada na pedagogia do próprio Deus.
Sobre o “saber fazer”, seis critérios são fundamentais:
- Cultivar bons relacionamentos;
- Desenvolver sua capacidade de educador;
- Promover a comunicação da vida e da fé;
- Integrar em sua prática elementos da pedagogia;
- Possuir boa metodologia;
- Saber programar e planejar suas ações.
Portanto, vale a pena ressaltar o que já foi afirmado: só com boa vontade não se faz catequese. Quando se fala em planejamento na catequese deve-se ter em conta que o catequista não age isoladamente, ele faz parte de um grupo e representa a Igreja. Sendo assim, é fundamental um planejamento participativo em que todos os catequistas possam oferecer sua colaboração, sempre tendo em vista a pergunta: onde queremos chegar?
Além disso, é essencial fazer o planejamento sempre pensando nos interlocutores do processo catequético: os catequizandos. As comunidades de hoje são bem mais conscientes, pois a catequese não é só para criança, mas também para adolescentes, jovens e adultos. Cada uma dessas fases tem suas particularidades e, por isso, é fundamental saber para quem se planeja a catequese. Nesse processo, nunca devemos esquecer-nos de avaliar o caminho percorrido.
Dicas para o planejamento da catequese
- Recordar que planejamento não é fazer cronograma;
- Planeja-se o trabalho todo, ao longo do ano, mas também cada encontro;
- Os encontros devem ser planejados em equipe e não individualmente;
- Deve-se contar com variedade de recursos e materiais;
- Nos encontros não pode faltar nunca o texto bíblico, como luz sobre todos os temas;
- Os catequistas já experientes não devem aproveitar o mesmo material do ano anterior, integralmente. Deve estar sempre aberto ao Espírito de Deus que “faz novas todas as coisas” (Ap 21,5);
- Nenhum planejamento cumprirá seu papel se o catequista não for pessoa de oração.
A espiritualidade de quem planeja
Todo catequista necessita recordar, com frequência, que seu trabalho é um verdadeiro ministério e que a ação catequética é resposta ao mandato de Jesus: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Nesse sentido, o catequista é chamado a cultivar sua espiritualidade, alicerçada na Palavra de Deus, assumindo sua missão como verdadeira vocação. Seu empenho e dedicação devem levá-lo a perceber o valor de se colocar nas mãos de Deus como instrumento a serviço do Reino.
Por isso, vale recordar que o catequista deve estar sempre aberto a aprender com o próprio Mestre, a fim de que tenha o que ensinar. Nesse processo, diversas vezes, ele mais aprende do que ensina e, por isso, nunca é demais lembrar que o catequista não é o “Mestre”, mas seu discípulo e a Palavra que ele anuncia, é Palavra de Deus do qual ele é porta-voz.
Somente uma espiritualidade alicerçada na Palavra de Deus, fundamentada na vocação que o catequista descobriu em sua vida, fará dele instrumento eficaz na missão. O catequista não está fazendo um “favor” para a Igreja, mas está recebendo de Deus a oportunidade de se realizar profundamente em sua vida enquanto se coloca a serviço. É nesse sentido, que o planejamento na catequese encontra sua razão, pois servir com amor exige preparação e visão clara de onde se quer chegar.
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