Durante a quaresma, o mundo está mais unido na fé para combater a pandemia de COVID-19
Com a pandemia de coronavírus que tem assolado o mundo todo, a humanidade parou. Em meio ao desespero, as orações se tornaram mais intensas, a valorização da vida maior e nunca se viu um movimento de olhar para o próximo tão grande. Coincidentemente- ou não- as ações citadas nada mais são, do que o proposto todos os anos para ser vivenciado na Quaresma, a conversão.
Iniciada com a Missa de Cinzas, que unge os cristãos com as palavras “Convertei-vos e crede no evangelho”, a Quaresma é um período de 40 dias que antecede a Páscoa do Senhor. Essa quantidade exata, é referente ao tempo em que Jesus esteve no deserto, sob jejum e provação. Dessa forma, esse período nos diz todos os anos: assim como Cristo foi, a nossa fé também será testada.
A Quaresma é tempo de rezar mais, fazer penitencia, reconhecer nossos erros e viver com maior humildade e simplicidade. Inclusive a Campanha da Fraternidade é lançada nessa época para guiar o olhar dos cristãos para alguma necessidade social. O tema desse ano “ Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” ressalta a importância de nos dedicarmos ao próximo e olhar para os outros como iriamos querer que olhassem para nós mesmos.
Leia mais:
Liturgia Diária 2020 e seu Calendário Litúrgico
O coronavírus
No entanto, embora seja uma época litúrgica católica que é vivenciada todos os anos, a Quaresma de 2020 possui um detalhe que a humanidade não contava em presenciar. Com seus primeiros casos registrados em dezembro de 2019, o surto de coronavírus se tornou hoje uma pandemia desenfreada. Ao todo, 200 mil pessoas já foram infectadas no mundo e 8 mil faleceram, se instalando assim, um enorme pânico e desespero em todos.
Com tentativas ainda falhas de contenção, o vírus que até então era desconhecido, causa problemas respiratórios graves e obviamente superlotou hospitais, esvaziou prateleiras e impediu que a humanidade saísse de casa. A corrida pelo álcool gel tornou-se constante, ver as igrejas cancelando missas causou choque e como em poucas vezes na história, a humanidade agora está olhando para o mesmo foco: superar esse momento difícil e vence-lo o quanto antes, juntos.
Vivenciando a Quaresma em meio à transformação
Assim, mesmo que na dor, o sofrimento causou uma série de mudanças na percepção das pessoas. Pela primeira vez as redes sociais estão fazendo uma verdadeira campanha para que se sensibilizem com o próximo, conscientizando para que tomem os devidos cuidados pensando não na saúde individual, mas coletiva. Tem-se valorizado as coisas simples da vida e marcas estão abrindo mão de seus lucros para realizar doações e dar assistência às pessoas que sofrem, como no caso da Ambev que está doando álcool gel para a população.
Mesmo de portas fechadas, a igreja se encontra totalmente unida na oração. Há tempos que não se viam tantas pessoas segurando o terço. No último dia 18, o Brasil inteiro parou as 15h30min para rezar em conjunto pelo fim da pandemia e do sofrimento. Como está escrito na Bíblia, o sofrimento produz intimidade com Deus. Ele permite consolar os outros que sofrem e nos molda para sermos conformes à imagem de seu Filho.
Dessa forma, em meio a pandemia do COVID-19, o mundo está passando por uma Quaresma de intensa transformação. Colocou-se assim o espirito de “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” em prática. A CF certamente nunca escolheu um tema tão bem como neste ano, mesmo que sem saber da situação que o mundo vivenciaria alguns meses depois da escolha da temática.
São tempos difíceis, a Quaresma é um tempo difícil, mas como diz em Mateus 24:8. Não nos assusteis, porque é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim”. Que possamos entender na Quaresma de 2020, o verdadeiro significado de conversão e de fato, crer no evangelho.