“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” Mt 16,16).
A confissão de fé de Pedro tem no centro a vida. O Pai, Criador e Providente, vê e ouve, desce e liberta (cf. Ex 3,7-8) seu povo, seus filhos e filhas.
“O Senhor me encheu de forças” (2Tm 4,17).
É o testamento de fé de Paulo para seu afilhado Timóteo e toda a comunidade que receberia mensagem posteriormente a sua morte, recordando que Deus é bom, corrige seus eleitos, toma cada pessoa pela mão e ensina a andar por caminhos novos (cf. Os 11,3).
Pedro era pescador e Paulo fabricava tendas. Jesus aproximou-se de Pedro e o chamou nas margens do mar, entre seus sócios. Jesus revelou-se a Paulo durante sua viagem a Damasco, junto com os homens que o acompanhavam para prender os seguidores do Caminho.
Pedro e Paulo, cada um a seu modo, e cada qual no seu tempo, aprenderam a ter fé. Entenderam que Jesus não é uma ideia, não é um código de regras, mas é uma pessoa. Pedro e Paulo tiveram seu encontro com Jesus. E este encontro mudou suas vidas.
Em que momento ou situação a nossa vida foi mudada por conta do encontro pessoal com Jesus Cristo?
Nós também temos algo de Pedro em nós. E temos também aspectos de Paulo. Com ajuda da Igreja, da história da humanidade e dos estudos que fazemos, somos chamados e chamadas a permanecer unidos na fé em Jesus Cristo, tendo como testemunhas a comunidade dos Apóstolos.
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Creio na Igreja apostólica
O livro de Atos dos Apóstolos é a garantia de que a Comunidade-Igreja germinou do ensino e da transmissão da fé dos Apóstolos (At, 2,42). Quando professamos nas ações litúrgicas a fé em Deus Uno e Trino, somos admitidos e estamos nos incluindo na mesma fé da comunidade dos primeiros seguidores de Jesus.
Crer na Igreja apostólica é um ato de memória e de continuidade.
Memória porque exige aceitar e agir conforme fora a experiência dos apóstolos com a pessoa de Jesus. Não é possível aceitar Jesus apenas como uma ideia ou um modelo ideal de vida. Aceita-se Jesus assumindo o compromisso com a sua proposta que é a concretização do Reino de Deus, onde a justiça se realiza e a paz surge como fruto. Onde o amor é a lei suprema e a fraternidade (enxergar todas as pessoas como irmãs) é a consequência lógica e imediata.
É continuidade porque a sociedade humana evolui e, em todas as épocas e lugares, é preciso reavivar o ardor e o compromisso com Jesus Cristo, crucificado-ressuscitado. Hoje, somos nós que devemos continuar, com o coração humilde de Pedro e os pés missionários de Paulo, a apontar e corrigir as situações onde o Reino de Deus ainda precisa ser conhecido, promovido e edificado.
Unidade e Missão
Pedro e Paulo são testemunhas reais de que o Evangelho exige unidade. Um fato curioso e histórico está registrado também em Atos dos Apóstolos (At 15.1-29), o Concílio de Jerusalém.
Naquele evento, Pedro e Paulo tinham opiniões diferentes. Mas na vida de Igreja a opinião não conta como decisão. A comunidade é construída pelo diálogo, pela escuta, pela acolhida de propostas. E por fim, pela decisão em comum, em conjunto, para dizer, em concílio.
Estes meses de caminho sinodal que a Igreja vive no mundo inteiro tem ensinado uma nova postura: a escuta.
Pela primeira vez na história, a Igreja está ouvindo todos os fiéis e todas as pessoas de boa vontade, com o desejo de avaliar sua missão de Evangelizar.
E isso nos ensina que Pedro e Paulo nos ensinam muito em nossos dias. O Concílio de Jerusalém exigiu o testemunho de unidade. Pedro e Paulo chegaram juntos ao entendimento de que a fé em Jesus Cristo é o centro. E não as suas opiniões isoladas.
Surge aqui, uma figura muito cara para a vida comunitária, o apóstolo Tiago. Ele é ponte, é promotor da unidade. Garante que as opiniões sejam expostas, mas que prevaleça o testemunho de unidade.
Agora é questão de escolha!
Com Pedro e Paulo, e também Tiago, sigamos firmes na missão em nossas comunidades.
Somos herdeiros da fé que estes homens, e também as mulheres, transmitiram às gerações. Aprendemos que não nós somos chamados a nos configurar a Jesus Cristo, e dar testemunho de seu mandamento novo e de aceitar a cruz.
Não existe um Messias feito à nossa imagem. Mas, somos regenerados no Batismo para que a nossa mesquinhez, nosso egoísmo e nossa teimosia, sejam apagados e transformados em solidariedade, partilha e bem-comum.
Com o sucessor de Pedro, na escola missionária de Paulo, queremos formar comunidade e assumir o projeto de que o Reino de Deus é para todas as pessoas. Todas! Ainda que isso exija a alegria de ser fiel até a cruz.
Ariél Philippi Machado – (Catequista na Arquidiocese de Florianópolis (SC), membro da Rede Lumen de Catequese, Teólogo e Especialista em Catequese – Iniciação à Vida Cristã)
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