A edição de 2023 do Catequistas Brasil apresenta, pela primeira vez, os santos patronos e intercessores do congresso
Redação
Bento XVI, homem de fé!
A escolha de um Papa é sempre obra e graça do Espírito Santo que suscita no meio dos líderes da Igreja, um homem para dirigir e levar a barca que é a Igreja de Cristo, pelo mar a dentro. Não foi diferente com Bento XVI.
Cada Papa de sua maneira, com seu jeito e conhecimento, contribui para o crescimento e despertar da Igreja, para aquele tempo.
Após longos anos do papado de São João Paulo II, no dia 19 de abril de 2005 os cardeais elegeram como Papa Joseph Ratzinger, de 78 anos, que escolheu como nome Bento XVI, sendo o 265º Papa eleito. Seu nome traz traços de um santo da linha de espiritualidade, no silêncio e da oração.
Pontificado
A fé e a esperança foram sinais visíveis em seu pontificado. Um pontificado baseado na “teologia de joelhos”, verdadeiramente um homem de fé, alicerçado em sua espiritualidade. Um tempo de profundos estudos, de documentos brilhantes e de palavras fortes! Um homem de sábias palavras e reflexões, de uma coragem e força grandiosa. Foram 7 anos, 10 meses e 9 dias de pontificado, os quais trabalhou incansavelmente por uma Igreja unida, firme e corajosa.
Foram muitas viagens, conferências, documentos e podemos aqui destacar sua vinda ao Brasil em 2007 para a V Conferência Episcopal Latino Americana e Caribenha (CELAM), realizada em Aparecida (SP).
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Com o Documento Porta Fidei, tivemos a abertura do Ano da Fé, celebrando cinquenta anos de abertura do Concílio Vaticano II. Um ano de reflexões e aprofundamento da Igreja sobre a fé, “um momento de graça e de empenho para uma sempre mais plena conversão a Deus, para reforçar a nossa fé n’Ele e para anunciá-Lo com alegria ao homem do nosso tempo” (Bento XVI).
Contribuições
Sua contribuição para o magistério da Igreja é grandioso, entre muitos textos e documentos podemos destacar: as encíclicas Deus Caritas Est, Spe salvi e Caritas in Veritate, além da encíclica Lumen Fidei, concluída e assinada pelo Papa Francisco, seu sucessor.
A força e a coragem alicerçada na fé em Cristo o fez com clareza renunciar seu papado, sendo algo inédito nesse tempo atual da Igreja, pois, consciente de suas forças físicas e saúde, se viu incapaz de prosseguir na missão.
Em sua renúncia, Papa Bento XVI nos dá sua última lição de fé: “O Senhor me chama a ‘subir a montanha’, a me dedicar ainda mais à oração e à meditação. Mas isso não significa abandonar a Igreja, ao contrário, se Deus me pede isso, é justamente para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com que eu tentei fazê-lo até agora”.
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Reflexão para as novas turmas de catequese
Hoje, nos unimos a toda a Igreja para juntos rezarmos pelo Papa Emérito Bento XVI, por seu descanso e intercessão. E ficamos com as palavras de seu último tweet. No 24 de fevereiro, depois do seu último Ângelus, lançou o tweet: “Neste momento particular, peço a vocês que rezem por mim e pela Igreja, confiando como sempre na Providência de Deus”.
No dia 31 de dezembro de 2022, último dia do ano, faleceu o Papa Emérito, Bento XVI. Em comunhão com a Santa Igreja, a equipe Catequistas Brasil e Promocat – Promotora Católica reza pelo sufrágio de sua alma, para que encontre a luz, a salvação e o descanso eterno. Cooperatoris Veritatis!
Douglas dos Santos Reis Rocha – Formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Anhanguera de Taubaté (SP), em Filosofia pela Universidade Salesiana de Lorena (SP) e pós-graduado em Marketing e Negócios pela UNIFATEA. Catequista e leigo engajado em pastorais.
Envolvida em faixas, a vida precisa de cuidados
Envolvida em faixas, a vida precisa de cuidados
O Tempo do Advento nos ensina a esperar. Ad-vir, eis que virá! A catequese é a obra da Igreja que ensina a esperar.
As Escrituras afirmam: “A fé é fundamento daquilo que ainda se espera e prova das realidades que não se veem” (Hb 11,1). Este é o início do “elogio da fé”, o dom de Deus aos homens e às mulheres de todos os tempos e lugares como certeza do que não se vê, mas se aprende a esperar.
Eis que o Advento do Senhor se concretiza num período de quatro semanas, para ensinar que a preparação é demorada, precisa de dedicação de nossa parte. De outro lado, o Espírito de Deus vai moldando e fecundando nosso coração e nossas mentes para acolher a novidade do eterno que visita o temporário, da luz perpétua que brilha nos atalhos deste mundo.
É tempo de Natal, a festa da Encarnação divina. O autor da Vida está entre nós, envolvido em faixas.
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Vivendo o Advento: calendário do Advento para celebrar em família
Sejamos ousados e criativos para cuidar da vida ameaçada, perseguida, injustiçada. Ali, onde uma criança, um jovem, uma mulher ou um homem carecem de dignidade, é Natal!
Que as celebrações litúrgicas deste período do Tempo do Natal nos carreguem para bem próximos das manjedouras de nossos dias.
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O Maravilhoso Conselheiro e Príncipe da Paz (Is 9,6) nasceu uma vez por todas e realizou a profecia de que o direito e a justiça devem reinar para sempre (Is 9,7). Que as nossas orações sejam acompanhadas de atitudes transformadoras.
O Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensine a trocar as faixas por vestes de dignidade de quem mais necessita.
Nossas famílias envolvidas no amor de Deus
Para a noite de Natal, convidamos que as famílias reservem um breve instante para oração e meditação em torno da mesa.
Ambiente: cadeiras em círculo. Música de natal, instrumental, em tom suave. No centro, panos coloridos e sobre eles uma manjedoura (ou almofada) com a imagem do menino Jesus. Bíblia e uma vela acesa. Faixas de tecido branco para cada pessoa.
Refrão Orante:
Natal é vida que nasce. Natal é Cristo que vem. Nós somos o seu presépio e a nossa casa é Belém.
Motivação: Alguém da casa motiva para expressar os sentimentos e/ou as situações significativas ao longo do ano. (instantes de silêncio para quem desejar falar)
Iniciemos nosso momento de oração com sinal da cruz: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Em seguida, cada pessoa recebe uma faixa de tecido preparada com antecedência. De maneira espontânea, convidar para recordar o significado comum desta faixa no dia a dia (exemplo: limpar, vestir, enfeitar, sufocar, etc).
Escuta da Palavra
Canto de Aclamação: (espontâneo)
Uma mulher da casa lê, na Bíblia – Lc 2,1-14. (instantes de silêncio para meditação)
Aprendendo com a Igreja: Vamos ouvir um pequeno trecho de um texto escrito por São Bernardo de Claraval, monge que viveu no século XII.
“Apareceu a bondade e a humanidade de Deus, nosso Salvador (cf. Tt 3,4). Veio na carne para se revelar aos que eram de carne, de modo que, ao aparecer sua humanidade, sua bondade fosse reconhecida. Poderá haver prova mais eloquente de sua misericórdia do que assumir nossa miséria? Por isso, compreenda o homem até que ponto Deus cuida dele; reconheça bem o que Deus pensa e sente a seu respeito. Quanto menor se tornou em sua humanidade, tanto maior se revelou em sua bondade; quanto mais se humilhou por mim, tanto mais digno é agora do meu amor. Na verdade, como é grande e manifesta a bondade de Deus! E dá-nos uma grande prova de bondade Aquele que quis associar à humanidade o nome de Deus.”
Para meditar: (leitura espontânea pelos participantes)
- A fé nos dá de presente a alegria. Celebrar o Natal de Jesus é perceber que todos os dias temos muitos motivos para agradecer e fazer festa.
- No sinal da manjedoura, Deus visita a humanidade para nos reconciliar. As faixas de tecido nos ensinam que somos capazes de praticar novas relações de amizade, de perdão, de fraternidade.
- Deus está presente entre nós, ele é o Emanuel (Deus-Conosco), e nos dá força e vigor para que o mundo seja transformado com a sua graça. Somos obras do amor e da bondade de Deus.
- Não temos o que temer. Hoje também nós renascemos para fazer um mundo novo de alegria e paz.
Oração em família
Tendo novamente nas mãos as faixas de tecido, vamos recordar os momentos que sentimos a bondade de Deus nos envolvendo. O que queremos recordar?
(a cada recordação, rezar juntos: Muito obrigado, Senhor, pelas obras de vossas mãos em nossa vida)
Para concluir as orações, permanecer um instante em silêncio e, em seguida rezar juntos: Pai Nosso…
Uma mulher ou mãe conclui com a bênção: Concedei, Senhor, a todos nós, que aguardamos a vinda do vosso Filho, que imitando Maria e José acolhamos os pobres em suas necessidades. Como Maria, queremos anunciar ao mundo a alegria da presença de Jesus e testemunhá-lo através de nossas atitudes de solidariedade. Amém.
Que a bênção de Deus todo-poderoso desça e permaneça entre nós: Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Refrão Orante:
Noite Feliz, Noite Feliz. Ó Senhor, Deus de amor, pobrezinho nasceu em Belém. Eis na lapa, Jesus nosso bem. Dorme em paz, ó Jesus (2x).
Ariél Philippi Machado – Catequista na Arquidiocese de Florianópolis (SC), membro da Rede Lumen de Catequese, Teólogo e Especialista em Catequese – Iniciação à Vida Cristã
Reflexão para as novas turmas de catequese
É preciso renovar e aperfeiçoar os encontros de catequese, porque há um potencial de ser chato e enfadonho, de confundir ao invés de esclarecer, de afastar ao invés de acolher. E como novas turmas representam novas pessoas, com novas histórias de vida e novas particularidades; de diferentes classes sociais, diferentes objetivos e tantas, mas tantas dúvidas; ora, é preciso renovar, a fim de não falharmos diante da tamanha responsabilidade de sermos (muitas vezes) a principal pessoa que une os catequizandos com a Igreja.
O primeiro passo é nos reunir em nome de Jesus, não somente falar de Jesus. E qual a diferença? A diferença é que quem fala de Jesus está falando como se poderia falar de qualquer pessoa. Quem fala em nome de Jesus fala com autoridade, conhece os ensinamentos e demonstra intimidade com o Cristo. Ademais, quando dois ou mais se reunirem em nome de Jesus, Ele estará ali[1]. Quero dizer que quando o catequista fala com autoridade a presença de Jesus é aparente, ao contrário da superficialidade, que fazem de tantos encontros um momento tedioso, o que se deve evitar com máximo empenho, especialmente em relação as crianças, muitas vezes presentes nos encontros por obrigação imposta pelos pais.
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Para que os encontros não sejam chatos e enfadonhos é preciso apresentar toda a riqueza do Evangelho, com o esclarecimento de que são palavras de vida eterna[2]. Não faltará entusiasmo ao catequista que transmite tão belas lições, tantos milagres! Tantas parábolas Jesus nos contou, para que possamos transmiti-las às novas turmas e compreender os ensinamentos[3]. Ao testemunhar com alegria a vida do Cristo, nos tornamos instrumento de luz, sempre para esclarecer, nunca para confundir.
É preciso lembrar de tantos exemplos do Evangelho daqueles que acreditavam ser santos, perfeitos, sábios e completos, mas são revelados como sendo os que mais se distanciavam de Deus[4]. Certamente essa não é uma crítica àquilo que podem ter sido os encontros do passado, amigo catequista. Embora eu arrisque dizer que todos nós já protagonizamos (uma vez ou outra) maus encontros, jamais virá de mim uma crítica ao passado, ao que não se pode mais mudar. Na verdade, esse texto é um conselho (antes de tudo para mim mesmo), que compartilho com sincero desejo de edificarmos uma catequese verdadeiramente formadora de autênticos cristãos.
Jesus sempre acolheu a todos que O procuraram[5]; o catequista não pode agir diferente. Humildade e misericórdia são essenciais para que os encontros sejam acolhedores e não afastem quem se sente pecador. Assim, o sentimento de que os próximos encontros com as novas turmas possam ser melhores do que os anteriores deve ser constante, porque podem e sempre poderão ser um pouco mais próximos do que o próprio Cristo nos ensinou, como se Ele mesmo falasse. É um desígnio santo, mas qualquer outro nos limitará. Acompanhados sempre dos dons do Espírito Santo[6], um encontro de catequese santificador deve ser entregue às graças de Deus, sendo nós, tão somente instrumentos, nada mais que instrumentos, mas instrumentos!
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Nas palavras do Papa Francisco: “É necessário assumir todo o potencial de piedade e de amor encerrado na religiosidade popular, a fim de que não se transmitam apenas os conteúdos da fé, mas também se crie uma verdadeira escola de formação na qual seja cultivado o dom da fé recebida, de tal maneira que os gestos e as palavras reflitam a graça de sermos todos discípulos de Jesus”.
Me permita ser repetitivo em favor da clareza: Jesus nos pediu para transmitir Seus ensinamentos, para sermos santos como o Senhor é Santo, para falar em seu nome (não somente de seu nome); nos disse que estará conosco até o fim dos tempos[7] e que o Espírito Santo nos concederá os dons necessários. Buscar um encontro de catequese santificador com as novas turmas não é querer demais, mas sim compreender a nossa humilde posição de instrumentos e confiar na ação do Espírito Santo, na presença de Deus e nos ensinamentos de Jesus, para que os encontros da catequese sejam “serviços pelos quais mutuamente nos ajudamos no caminho da salvação”, como ensina o Catecismo da Igreja Católica (794).
Talvez esse encontro perfeito não ocorra ano que vem, nem mesmo no próximo ano, mas devemos insistir no aperfeiçoamento, não faltando a oração, as formações e a vivência; confiantes de que, para além de nossa imperfeição há um Deus Perfeito. Quem assim seja!
Luís Gustavo Conde – Catequista na Catedral Metropolitana de São Sebastião, na Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP), atuando na evangelização de jovens e adultos. Autor de artigos para o Portal de Formação da Canção Nova e articulista da Revista Paróquias. Advogado e professor de cursos técnicos profissionalizantes. Marido da Patrícia e pai do Oliver.
CITAÇÕES DO TEXTO BÍBLICO
[1] (Mt 18, 20); [2] (Jo 6, 68); [3] (Mt 13, 10-17); [4] (Lc 18; Mt 19); [5] (Mt 9, 10-13); [6] (1Cor 12, 1-11); [7] (Mt 18, 19-20).
REFERÊNCIAS
BÍBLIA DE APARECIDA. Bíblia online da Editora Santuário.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. In textos fundamentais. Arquivo do Vaticano.
FRANCISCO. Mensagem aos participantes no Simpósio Internacional Sobre a Catequese. Vaticano, 5 jul. 2017.
SAGRADA BIBLIA. Traducción y notas Facultad de Teología Universidad de Navarra. Edição Digital. Editora EUNSA. 2016.
Vivendo o Advento
Nas palavras do Papa Francisco, o tempo do Advento e depois o do Natal é “um período do ano litúrgico que desperta a esperança no povo de Deus. Esperar é uma necessidade primária do homem: esperar no futuro, acreditar na vida, o chamado pensar positivo”.
Para que as famílias possam vivenciar esse período de forma atrativa e didática, disponibilizamos o Calendário do Advento (Infantil) de 2022, com a proposta da atividade em família: “Vivendo o Advento”.
A família deve montar o presépio no 1º Domingo do Advento, mas sem incluir o Menino Jesus. Durante todo o período, a criança deve receber uma bala e colocar na manjedoura, sendo lembrada que estamos nos preparando para a chegada do Natal. No dia 25, a criança recebe a imagem do Menino Jesus, coloca no presépio e então ela pode pegar as balas e aproveitar com a família.
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Disse o Papa Franciso: “Eis a maravilhosa realidade da esperança: se confiarmos no Senhor tornamo-nos como Ele, a sua bênção transforma-nos em seus filhos, que partilham a sua vida. A esperança em Deus faz-nos entrar, por assim dizer, no raio de ação da sua recordação, da sua memória que nos bendiz e nos salva. E então pode brotar o aleluia, o louvor ao Deus vivo e verdadeiro, que por nós nasceu de Maria, morreu na cruz e ressuscitou na glória. E neste Deus nós temos esperança, e este Deus — que nunca é um ídolo — nunca desilude”. Que assim seja!
Para baixar o Calendário do Advento (Infantil) de 2022, clique aqui. Celebre esse tempo, vivendo o Advento em família!
Luís Gustavo Conde – Catequista na Catedral Metropolitana de São Sebastião, na Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP), atuando na evangelização de jovens e adultos. Autor de artigos para o Portal de Formação da Canção Nova e articulista da Revista Paróquias. Advogado e professor de cursos técnicos profissionalizantes. Marido da Patrícia e pai do Oliver.
REFERÊNCIAS
FRANCISCO. Audiência Geral. Vaticano, 11 jan. 2017.
Catequistas testemunhas da gratidão
A palavra gratidão tem origem no latim, derivando de dois termos: gratus, que significa grato, agradecido; e gratia, que significa graça, gratidão, favor.
Agradecer é reconhecer. Gratidão é um sentimento que expressa a nossa consciência de que, apesar de alguma dificuldade, temos sempre pelo que agradecer.
O dom da vida é um motivo constante de gratidão. Cada pessoa é única, obra-prima do amor de Deus, criada à sua imagem e semelhança (Gn 1,26) e animada por seu sopro (Gn 2,7) que nos torna capazes de escrever nossa história de maneira irrepetível.
Agradecer é transbordar confiança. Nossa história é costura de sonhos, realizações, frustrações e tristezas. Mas a pessoa que aprende a educar seu coração para a gratidão consegue enxergar a esperança no horizonte.
E assim, “a fonte e o ápice da vida cristã” (LG 11), a Eucaristia, significa expressamente ação de graças. O Catecismo do Igreja Católica explica: “As palavras ‘eucharistein’ e ‘eulogein’ lembram as bênçãos judaicas que proclamam – sobretudo durante a refeição – as obras de Deus: a criação, a redenção e a santificação” (CIgC, n. 1328).
Portanto, ação de graças é a virtude de reconhecer que o mistério da vida, e também da morte, encontram sua plenitude em Deus Pai, criador e providente.
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O Papa Francisco recorda que a gratuidade é um compromisso de nossa fé para que se reconstrua a fraternidade e a amizade social. Na Carta Encíclica Fratelli Tutti afirma: “Quem não vive a gratuitidade fraterna transforma a sua existência em um comércio cheio de ansiedade: está sempre medindo aquilo que dá e o que recebe em troca. Em contrapartida, Deus dá de graça, chegando a ponto de ajudar mesmo os que não são fiéis e ‘faz nascer o seu sol sobre maus e bons’ (Mt 5,45)” (FT, n. 140).
Nestes tempos de recomeço, ainda em situação pandêmica e diante de conflitos de guerra e polarizações que exaltam os ânimos, tenhamos a humildade de encontrar pequenos motivos para agradecer.
O exercício da gratidão sempre será oportunidade de reconciliar, reconstruir, criar vínculos e estabelecer pontes com aqueles de nossa relação fraterna, seja no âmbito da família, nos círculos de amizade e na vivência da fé cristã em comunidade, onde tudo é colocado em comum para o bem de todos!
Praticando a gratidão e reconhecendo o dom da vida que pulsa nos irmãos e irmãs, e em toda a criação, saberemos dar testemunho de fé no Deus da vida, o Deus de Abraão, Isaac e Jacó. O Deus que se revelou em Jesus Cristo e derramou o seu Espírito para “fazer novas todas as coisas” (Ap 21,5).
Amém! Maranatá!
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SUGESTÃO DE CATEQUESE
Gratidão: a transmissão da fé que brota do coração
Para que nossos grupos de catequistas possam se reunir e bendizer a Deus pelas maravilhas que realizou em nossas vidas neste ano de 2022, abaixo segue um breve roteiro de oração inspirada na Leitura Orante da Palavra de Deus.
Refrão inicial: (link: https://www.letras.mus.br/harpa-crista/528580/)
Graças dou por esta vida, pelo bem que revelou
Graças dou pelo futuro, e por tudo que passou
Pelas bênçãos derramadas, pela dor, pela aflição
Pela graça revelada! Graças dou pelo perdão!
Graças pelo azul celeste e por nuvens que há também
Pelas rosas do caminho, por espinhos que elas têm
Pela escuridão da noite, pela estrela que brilhou
Pela prece respondida, pelo sonho que falhou.
Pela cruz e o sofrimento e por toda provação
Pelo amor que é sem medida, pela paz no coração
Pela lágrima vertida, pelo alívio que é sem par
Pelo dom da eterna vida, sempre graças hei de dar!
1º passo: LEITURA
Leitura da Primeira Carta aos Tessalonicenses (1Tes 5,12-24).
– Após a leitura do texto, permanecer em silêncio para meditação.
– Sublinhar palavras ou expressões que chamam atenção no texto.
– Por que destacamos estas expressões? (Partilha olhando o texto)
2º passo: MEDITAÇÃO
Algumas considerações para conversar em grupo:
– A Primeira Carta aos Tessalonicenses é o livro mais antigo do Novo Testamento e a Carta mais antiga escrita por Paulo, que tinha como finalidade a ação de graças pela perseverança da comunidade cristã em Tessalônica e de encorajamento para testemunharem a fé com atitudes práticas no meio das dificuldades.
– A expressão “dar graças” aparece três vezes na Carta (1,2; 2,13; 5,18), diante do contexto de perseguição da fé que viviam as primeiras comunidades. Esta expressão ressalta a dimensão fraterna que distinguia os cristãos daquela cidade em referência às comunidades que estavam sendo organizadas durante as viagens de Paulo.
– Paulo usa de alguns conselhos para encorajar a comunidade, chamando cada pessoa para a responsabilidade de assumir a fé em Jesus Cristo: conservar a paz, viver contentes, abraçar o que é bom, e em todas as situações, dar graças a Deus.
Canto: (link: https://www.letras.mus.br/jose-acacio-santana/como-e-bonito-senhor/)
Como é bonito, Senhor, cada manhã te agradecer. Mais uma vez teu amor vem me chamar pra viver.
Contigo, Pai de amor, eu quero caminhar e assim por onde eu for, irás me acompanhar!
Para partilhar
a) De que maneira podemos continuar testemunhando a nossa fé por meio da gratidão?
b) Quais aspectos da música de abertura nos convidam a expressar nossa gratidão a Deus em diferentes acontecimentos de nossa vida?
3º passo: ORAÇÃO
“Conservai a paz entre vós. Em todas as circunstâncias, dai graças” (1Tes 5,13.18).
A experiência da oração é renovar nossa opção pela unidade na fé, como em Pentecostes. Qual a prece que queremos elevar a Deus nesse momento?
4º passo: CONTEMPLAÇÃO
“Não há dever mais urgente que o de agradecer” (Santo Ambrósio – que foi catequista de Santo Agostinho)
– Qual compromisso podemos assumir para expressar em atitude concreta a gratidão que trazemos no coração? (partilhar e assumir um compromisso conjunto)
Ariél Philippi Machado – Catequista na Arquidiocese de Florianópolis (SC), membro da Rede Lumen de Catequese, Teólogo e Especialista em Catequese – Iniciação à Vida Cristã
Eu chamo de “lugar-comum” aquele pensamento não formulado, mas copiado de outro; aquela ideia não projetada, mas obedecida cegamente; aquela conclusão não alcançada, mas imitada. Ou seja, é a mera repetição, sem sentimento, reflexão ou aprofundamento. Em suma, é uma opinião rasa. No romance O Vermelho e o Negro, Stendhal escreveu: “Se nos limitamos aos lugares-comuns dos jornais, passamos por tolos”; inspirado no texto do autor alerto que o catequista não pode se passar por tolo, admitindo e propalando ideias mundanas adotadas no “lugar-comum”. Para além da interpretação do Evangelho, o catequista deve saber lidar com todos os acontecimentos e cuidar para que, em todos os seus comentários, as palavras sejam sempre de amor e misericórdia.
No Sermão da Montanha somos ensinados a ser sal da terra e luz do mundo[1], porque há na vida cristã algo que nos diferencia do que é mundano e vulgar. Jesus oferece a perfeita interpretação da Lei, não modificando-a, mas esclarecendo-a para que se cumpra a vontade de Deus[2]. Isso porque havia na aplicação da Lei uma limitação mundana, uma carência de espiritualidade e falta de amor. A Lei e seu cumprimento eram impostos ao povo a partir do “lugar-comum”. Por isso era mesmo necessário que o Cristo aclarasse o que o coração corrompido da humanidade havia perdido: a imagem e semelhança de Deus, como está escrito em Levítico: “deveis santificar-vos para serdes santos, porque eu sou santo”[3].
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Jesus interioriza os mandamentos para que possamos compreendê-los em profundidade e dar fiel cumprimento. O “não matarás” toma forma mais caridosa para além do homicídio propriamente dito. Quem age com ira contra o irmão deve ser julgado[4]. O insulto, a raiva, o ódio perpetuado, tudo isso é condenado. Ora, onde há ódio, falta amor. E o verdadeiro amor cristão é o que transborda para além de nós mesmos. Por isso, não nos cabe amar apenas a quem nos convém[5], mas a todos e, especialmente, ao pecador, principal necessitado da misericórdia. O adultério também é entendido para além do pecado da carne e do divórcio, mas é apresentado por Jesus como a persistência da situação de pecado[6]. O mandamento dita mais do que a fidelidade das ações, mas de pensamentos e do coração. Assim: “Todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela em seu coração”[7].
Claro que não darás falso testemunho (não mentirá), mas Jesus nos ensina além; estabelece a integridade[8]. Note que é ensinado a não jurar de maneira nenhuma, mas que teu sim seja sim e não, seja não. Em Apocalipse lemos que Deus vomitará os mornos, aquele que não é nem frio nem quente[9], ao que falta honestidade, cujas palavras não são confiáveis. Vigia teu comportamento: se teus compromissos exigem um “eu juro” para serem confiáveis, se teu testemunho pede um “eu juro” para que se acredite, falta na tua conduta a firmeza de um verdadeiro cristão.
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A Lei, portanto, exige a compreensão do amor infinito de Deus. Não haverá vingança nem ódio com o próximo[10]. Notem que os ensinamentos de Jesus, nesse ponto que analisamos, nos afasta do “lugar-comum”. Aquilo que é ensinado surge sempre do “foi dito aos antigos”, “ouvistes que foi dito”, “também foi dito”, para alcançar o “mas eu vos digo”; para nos tirar da compreensão grosseira e mundana e nos elevar a profundidade do espírito e do amor.
Lembre-se, catequista, de abandonar o “lugar-comum” e buscar sempre o amor de Deus, as lições e o exemplo de Jesus, a intercessão de Maria e dos Santos da Igreja, para que seus pensamentos e suas ações direcionem ao legítimo caminho da salvação. Desde a leitura do Evangelho, às notícias, aos cenários da sociedade e até aos eventos da comunidade, não se deixe conduzir por conclusões rasas e opiniões mundanas. Rezemos para que os dons do Espírito Santo nos completem e elevem nossas virtudes, de forma a transparecer nos encontros o amor de Deus e a integridade de vida cristã. Que assim seja!
Luís Gustavo Conde – Catequista na Catedral Metropolitana de São Sebastião, na Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP), atuando na evangelização de jovens e adultos. Autor de artigos para o Portal de Formação da Canção Nova e articulista da Revista Paróquias. Advogado e professor de cursos técnicos profissionalizantes. Marido da Patrícia e pai do Oliver.
CITAÇÕES DO TEXTO BÍBLICO
[1] (Mt 5, 13-16); [2] (Mt 5, 17); [3] (Lv 11, 44); [4] (Mt 5, 21-26); [5] (Lc 6, 27-36); [6] (Mt 5, 27-32); [7] (Mt 5, 28); [8] (Mt 5, 33-37); [9] (Ap 3, 14-22); [10] (Mt 5, 38-48).
REFERÊNCIAS
BÍBLIA DE APARECIDA. Bíblia online da Editora Santuário.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. In textos fundamentais. Arquivo do Vaticano.
SAGRADA BIBLIA. Traducción y notas Facultad de Teología Universidad de Navarra. Edição Digital. Editora EUNSA. 2016.
STENDHAL. O vermelho e o negro; tradução Paulo Neves. Porto Alegre, RS: L&PM, 2013.
A Liturgia é Missão: serviço a Deus e aos irmãos e irmãs
A intercessão de Maria
A inspiração e a verdade da Bíblia na catequese