A música na catequese – explorando os elementos fundamentais do som
Quando se pensa na aplicação da música em encontros de catequese, geralmente pensa-se apenas no conteúdo das letras das canções. Esta é uma forma quase narrativa de se utilizar a música na elaboração de um conteúdo.
Existem, porém, outras formas de fazer com que nossos encontros se beneficiem daquilo que a música pode propiciar. Uma delas é a utilização em dinâmicas dos elementos fundamentais do som.
São 4 os parâmetros do som: altura, volume, timbre e duração.
Altura (frequência)
Para aplicarmos bem este elemento do som o ideal será contarmos com a ajuda de alguém com vivência musical, um pouco de teoria ajudará bastante. Um instrumento também é útil, muito embora seja possível utilizarmos áudios já previamente gravados ou aqueles disponibilizados em plataformas de streaming como o YouTube.
Um pouco de teoria musical
Todo som musical tem uma altura sonora fixa. Um som pode ser mais grave ou mais agudo. A distância percorrida pelas diversas alturas desde o som mais grave até o som mais agudo é chamada escala. Alguns intervalos soam mais “confortáveis” em nossa audição do que outros. Os mais confortáveis são chamados consonantes e os mais “incômodos” são chamados dissonantes.
Uma forma de incluir a música na catequese e se trabalhar este elemento pode ser a associação de situações “confortáveis” com a presença do Bem, ou a ação de Deus, com os acordes dissonantes. E as tensões e tentações podem ser associadas aos acordes dissonantes. Vejamos um exemplo prático e ilustrativo:
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A dinâmica proposta
Pré-requisito: conhecer como se formam os acordes maiores e menores e saber cantar cada nota de um acorde maior.
A primeira dinâmica que aqui proponho para utilização do elemento altura sonora pode ser feita dividindo a turma em 3 grupos.
Em um primeiro momento, cada pessoa cantará uma nota qualquer a partir de um determinado momento “regido” por quem aplica a atividade. O que se seguirá será uma dissonância desconfortável.
A reflexão que acompanha esta etapa da dinâmica será sobre os momentos em que decidimos a nossa vida somente baseados na nossa vontade ou opinião, sem levar em consideração o outro ou o grupo com os quais nos relacionamos.
Uma segunda etapa será realizada como “regente” da atividade dando a cada um dos grupos uma nota que compõe um acorde maior. Assim, quando os grupos seguirem a “regência” e emitirem a sua nota realizarão uma grande unidade consonante: o acorde maior.
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A reflexão que se segue poderá desenvolver os seguintes temas:
- O quão desafiador foi manter-se na sua nota para obter, no grande grupo, o resultado agradável e o consonante desejado.
- Como um grande grupo pode, mesmo guardando diferenças (cada um dos 3 subgrupos emite uma nota diferente do acorde), obter um resultado de unidade.
- Se não obedecêssemos a nota proposta não alcançaríamos o resultado desejado.
Aspectos destacados: desarmonia/harmonia, caos/ordem, indisciplina/disciplina, individualismo/coletividade, diversidade e unidade.
Augusto Cezar Cornelius – Carioca nascido em 1970 e músico de formação clássica, formado na UFRJ. Violonista e compositor, gravou CDs e DVD com a banda DOM ao longo de mais de 15 anos. Professor de violão e escritor, já escreveu outros 3 livros: “Dentro de mim mora uma canção”, pela editora Palavra e Prece; “Quem canta reza duas vezes”, editora Loyola e “Para o meu filho que vai chegar”, que foi financiado de forma coletiva.