A intercessão de Maria
Em “O Auto da Compadecida”, o autor lembra, nas palavras da Compadecida, que nós pedimos para que Nossa Senhora rogue por nós agora e na hora da nossa morte sempre que rezamos uma Ave-Maria. Chamada de Advogada Nossa em nossas orações do Salve Rainha, Maria é nossa intercessora por excelência. Diz o Catecismo da Igreja Católica (969) que “depois de elevada ao céu, não abandonou esta missão salvadora, mas, com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna”. A Mãe de Deus acompanhou a vida pública de Jesus, do primeiro milagre a morte no calvário. E nos céus, sem dúvida, ela intercede por nós.
Na passagem das Bodas de Caná[1] se revela o primeiro sinal messiânico de Jesus. Digo “sinal” e não “milagre”, porque é esse o termo usado pelo Evangelista. Fato é que naquela festa surgiu uma necessidade humana, uma falta doméstica, que é a ausência do vinho em uma celebração de bodas. É Maria quem chama a atenção de Jesus para essa necessidade. Mas ainda não era a hora do Messias revelar-se. Mesmo assim, ninguém nega um pedido de mãe, nem o próprio Cristo. Essa intercessão de Maria revela mais do que a divindade de Jesus, mas também indica o caminho da salvação: “Fazei tudo o que ele vos disser”. O Evangelista, ainda, destaca a abundância das seis talhas de pedra, cerca de dois ou três barris, o que equivale a aproximadamente 300 litros de vinho. Há também a discrição do sinal, realizado nos bastidores; nem mesmo o mestre-sala conhecia a origem do vinho. Mas ele sabia, sim, que aquele era o melhor vinho da festa.
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A Bem-aventurada sempre Virgem Maria é Mãe de Deus e Mãe de todos os homens, lê-se assim no Código de Direito Canônico (Cân. 1186). Jesus constituiu Maria como nossa mãe, quando aos pés da cruz estava acompanhada do discípulo amado[2]. Essa maternidade para os discípulos (e para nós) se revela também em Pentecostes. Em Jerusalém, os discípulos subiram para a sala de cima, onde perseveravam unânimes na oração, junto com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus[3]. Conta a passagem de Pentecostes que todos estavam reunidos no mesmo lugar[4], naquele mesmo lugar, com Maria. Ela, cheia de graça, exerce um papel discreto, de mãe daqueles apóstolos que ali recebiam o Espírito Santo. E é com essa discrição que Maria nos acompanha.
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Santa Maria, Mãe de Deus, roga por nós agora, disso, não nos esqueçamos. Sempre discreta, mas fiel intercessora, clemente, piedosa, doce e Sempre Virgem Maria. São Josemaria Escrivá nos ensina que o amor à Senhora é prova de bom espírito, nas obras e nas pessoas singulares; e aconselha que desconfie do empreendimento que não tenha esse sinal. Rezemos sempre pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, desde as coisas mais simples do cotidiano até o enfrentamento das grandes tribulações. Lembra que no livro de Ariano Suassuna disse Manuel: “Discordar de minha mãe é que não vou”. Que assim seja!
Luís Gustavo Conde – Catequista na Catedral Metropolitana de São Sebastião, na Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP), atuando na evangelização de jovens e adultos. Autor de artigos para o Portal de Formação da Canção Nova e articulista da Revista Paróquias. Advogado e professor de cursos técnicos profissionalizantes. Marido da Patrícia e pai do Oliver.
CITAÇÕES DO TEXTO BÍBLICO
[1] (Jo 2, 1-12); [2] (Jo 19, 25-27); [3] (At 1, 12-14); [4] (At 2, 1-13).
REFERÊNCIAS
BÍBLIA DE APARECIDA. Bíblia online da Editora Santuário.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. In textos fundamentais. Arquivo do Vaticano.
CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO. Conferência Episcopal Portuguesa. Lisboa, 1983.
ESCRIVÁ DE BALAGUER, Josemaría. Caminho – 9ª ed. – São Paulo: Quadrante. 1999.
FRANCISCO. Angelus. Vaticano, 16 jan. 2022.
SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. Editora Agir. 1955.
