A visita às famílias dos nossos catequizandos, fazendo encontros, é uma ação missionária também! E, nestes tempos, onde nossas famílias estão tão alheias à catequese dos seus filhos, é quase uma “meta” em nosso planejamento
A catequese “só” com as crianças, já não atinge mais o objetivo de completar a catequese feita pela família. Pelo simples fato de que a família já não é mais “catequizadora”. Mas, como fazer estas visitas nos dias de hoje? Não raras vezes, batem à porta nas nossas caras! É o “medo” do envolvimento, a falta de segurança, a falta de tempo e a falta de vontade mesmo.
Tenho visitado a casa dos meus catequizandos, desde que comecei a atuar na catequese. Mas, essa visita, precisa de uma certa “estratégia” da nossa parte. Simplesmente ligar para uma família e dizer “olha, sou catequista do seu ou sua filho (a) e gostaria de te fazer uma visita”, realmente é complicado. As pessoas estão “desconfiadas” por natureza e – não vamos ser hipócritas – elas têm medo de que a gente seja mais uma “testemunha de jeová” batendo à sua porta para fazer “pregação” ou, pior ainda, cobrá-los a respeito da formação religiosa de seus filhos. É preciso primeiro “conquistar” a confiança e a amizade deles. Mas, como? Se há pais que nunca aparecem na catequese ou na Igreja? Vem no dia da inscrição e nunca mais.
Como fazer? Como quebrar esta barreira?
Esta visita não precisa ser algo “formal” e feita só por você. Podemos “levar junto” nestas visitas, as próprias crianças/jovens da turma. Claro que se você tiver uma turma enorme, fica complicado. Precisa aí planejar encontros em locais diferenciados para envolver as famílias. Por isso, o ideal é sempre ter no máximo 12 catequizandos. Se o número for maior, é praticamente impossível conhecer a família de todos. A catequese precisa ser “personalizada” e não de “baciada”.
Comece então, abrindo a sua própria casa. A primeira visita sempre precisa ser uma iniciativa da nossa parte. Um convite para a turma vir à sua casa, conhecer a sua família. Para um “encontro” com os catequizandos mesmo! Que pode ser no horário normal ou num final de semana, num horário mais “light”, em que os pais possam participar se sentirem vontade. Um convite para um lanche, um almoço até, assistir um filme… tudo bem organizado antes com os pais, que levam e buscam seus filhos. Organize caronas, vá caminhando quando for perto e se há segurança para as crianças.
Depois vem outro convite: “Vamos fazer encontro na casa de vocês, também?”. Convide-se para fazer o encontro na casa dos seus catequizandos. Faça uma sondagem, converse com os pais no grupo do Whatsapp ou Facebook a respeito, use o telefone. Veja a agenda deles, pode ser que nem todos possam, mas vá onde for acolhido (a) e for possível.
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Obviamente que já tive “nãos” bem redondos dos pais. Assim como tive mãe que saiu para deixar a gente “mais à vontade” e, de quebra, deixou o filhinho pequeno para a irmã/catequizanda cuidar. Também já tive reclamação de outros catequistas ao pároco, porque eu estava “inventando moda”. Já tive “proibição” de coordenadora. Assim como já tive reclamação de pais (agentes de pastoral como eu), diretamente ao pároco, alegando que eu estava “tirando” as crianças da paróquia; pais reclamando que o encontro estava demorando muito…
Mas, tive também experiências maravilhosas de ACOLHIDA. Alegria da família por estar recebendo a visita da “Igreja” em suas casas; famílias inteiras participando do encontro, avós – até padrinhos e madrinhas! -; testemunhos emocionados de pais sobre esta visita; e, sobretudo, uma maior INTERAÇÃO e fortalecimento da amizade entre os catequizandos.
No tempo da catequese encontramo-nos tão pouco! É só uma vez por semana. Conhecer o lar de cada um aproxima, traz pertença, confiança, aumenta nosso tempo juntos.
Mesmo usando temas do seu roteiro, faça encontros “leves”, lúdicos, brinque com as crianças/jovens do que eles gostam de brincar. Dê tempo a eles para ficarem a sós enquanto você conversa com a família. Incentive que mostrem sua casa aos amigos. Leve água benta e abençoe a casa da família. Faça uma oração com todos. APROXIME-SE!
E nunca leve um “não” como resposta final. Às vezes, parece até desanimador, mas, eu sempre “bati nas portas”, quem abriu, eu entrei. E vou continuar batendo!
Por Ângela Rocha – Equipe Catequistas em Formação