Redação
Dinamize seus objetivos na pastoral da catequese e nos compromissos com a Igreja
Em um primeiro momento devemos nos perguntar: é possível educar a fé de alguém? Ou educar alguém para a vida de fé?
Aqui temos duas palavras chaves para a nossa ação evangelizadora de catequista: Educação e Fé. Vamos buscar entender o que significam:
Educação
É muito interessante percebermos que a palavra Educação esta ligada com pedagogo, discípulo, instrução, pois fazem parte de um mesmo campo lexical. Todas têm algo em comum. Há traços sêmicos envolvendo cada um destes vocábulos. Educação vem do verbo educar. Podemos dizer que educação veio do verbo latim educare. Nele, temos o prevérbio e- e o verbo – ducare,¬ dúcere. No itálico, donde proveio o latim, dúcere se prende à raiz indo-europeia DUK-, grau zero da raiz DEUK-, cuja acepção primitiva era levar, conduzir, guiar. Educare, no latim, era um verbo que tinha o sentido de “criar (uma criança), nutrir, fazer crescer. Etimologicamente, poderíamos afirmar que educação, do verbo educar, significa “trazer à luz a ideia”.
Fé
Por fé podemos entender genericamente a partir do Latim como fides, e do Grego pistia, sendo traduzida como a firme convicção de que algo é verdade, sem qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança que depositamos nesta ideia ou fonte de transmissão. Em hebraico he’ emîn da raiz aman, indica que crer significa “sentir-se seguro”, “confiar em”, “apoiar-se em”.
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Na Sagrada Escritura a fé é entendida como adesão total. Ela envolve a pessoa toda, “a fé se apresenta como entrega religiosa de toda a pessoa e não simplesmente adesão intelectual ou obediência moral. Ela responde à natureza dinâmica, vital e pessoal da Palavra de Deus” .
Podemos perceber, no entanto que a fé de uma pessoa que abraçou a vida cristã, que viveu um processo de conversão não se reduz a uma adesão a verdade dogmáticas apenas; é base de um apelo pessoal de Deus; um acontecimento que concerne à pessoa toda e lhe permite entrar no universo da aliança; é um encontro primeiro pessoal e depois comunitário com Jesus Cristo, reconhecido como o Deus que vem, que salva e que reúne.
Educação da fé
Na catequese é preciso pensar em uma educação da fé que seja libertadora. Que ajude o catequizando a pensar sobre a vida, a realidade, a cultura, ou seja, uma educação da fé que ajude a pensar problematizando o conhecimento, promovendo assim a autonomia e a formação da consciência crítica. O catequista também não pode ter a pretensão de apenas ser o educador, mas ao mesmo tempo alguém que ajuda o catequizando a fazer a experiência de fé e, ao mesmo tempo também educa na fé. A educação da fé não acontece sozinho e isolado, mas em comunhão.
Devemos compreender, acima de tudo, que a fé é dom e graça de Deus. Não podemos limitar apenas ao nível humano, mas constitui uma atitude de fundo que dá sentido e orienta toda a vida. “A fé é um dom de Deus. Pode nascer do íntimo do coração humano somente como fruto da graça prévia e adjuvante e como resposta, completamente livre, à moção do Espírito Santo, que move o coração e o dirige a Deus, dando-lhe suavidade no consentir e crer na verdade”. (DGC, n. 55)
A educação da fé na catequese tem a missão de ajudar no processo de humanização do homem e da mulher sonhando a busca da transformação social. Nesse sentido, ressaltamos a importância e a necessidade da catequese para as diferentes idades que “é a exigência essencial para a comunidade cristã. Por um lado, de fato, a fé participa do desenvolvimento da pessoa; por outro lado, cada fase da vida é exposta ao desafio da descristianização e deve, acima de tudo, aceitar como um desafio, as tarefas sempre novas da vocação cristã”. (DGC, n. 171; DNC, n. 180)
Adaptar-se as capacidades
Enunciando a regra pedagógica do adaptar-se a capacidade cognitiva e afetiva da pessoa, pensamos quase sempre na forma de como deve ser o encontro de catequese, ou na metodologia que iremos adotar. No entanto, a adaptação primeira que devemos levar em consideração e a mais importante em vista do desenvolvimento da pessoa a partir da catequese com crianças até a catequese com adultos e pessoa idosa deve ter em vista o conteúdo entendido como mensagem que se quer anunciar.
Por isso, uma renovação da metodologia só será fecunda se mediante um conteúdo renovado, adaptando-os a psicopedagogia de cada idade. Nos dias atuais, há uma necessidade real de uma catequese continuada. Deve levar em conta toda a vida da pessoa, no entanto ainda encontramos uma catequese fragmentada em uma busca apenas dos sacramentos. É preciso, urgentemente, tirar da mensagem da catequese esse ranço da história, que pensa em catequizar como doutrinar, queremos pessoas convictas de uma mensagem e apaixonadas por Jesus Cristo.
É preciso pensar nos catequizandos como interlocutores de uma mensagem e não como “depósitos” de doutrinas e sacramentos. Temos que buscar para todas as fases da vida uma catequese que una vida e fé. Que parta da existência e da experiência e seja alimentada, iluminada pela sagrada escritura, tradição e o magistério.
A catequese conforme as idades
A catequese, conforme as idades, não pode perder a originalidade da educação da fé. Falamos em adaptar, isso significa não perder a essencialidade da mensagem evangélica, não deixar de lado valores evangélicos que devem ser dialogados com os interlocutores da catequese.
Por isso, vale lembrar as indicações do Diretório Geral da Catequese, que nos apresenta uma síntese para que a adaptação do conteúdo-mensagem não perca de vista a originalidade evangélica levando em conta a realidade onde os interlocutores estão inseridos.
O Catecismo da Igreja Católica indica quais são os aspectos que devem ser levados em consideração no momento de adaptar ou contextualizar a síntese orgânica da fé que todo Catecismo local deve oferecer. Essa síntese da fé deve realizar as adaptações que são exigidas pelas diferenças de culturas, de idades, da vida espiritual, de situações sociais e eclesiais daqueles a quem a catequese é dirigida. Também o Concílio do Vaticano II afirma com ênfase a necessidade de adaptar a mensagem evangélica. Essa maneira apropriada de proclamar a palavra revelada deve permanecer como lei de toda a evangelização.
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Aspectos sobre situações reais do Catecismo da Igreja Católica
- Um Catecismo local deve apresentar a síntese da fé em referência à cultura concreta em que se encontram os catecúmenos e os catequizandos. Incorporará, portanto, todas aquelas expressões originais de vida. De celebração e de pensamento que são cristãos e que nasceram da própria tradição cultural, sendo fruto do trabalho e da inculturação da Igreja local.
- Um Catecismo local fiel à mensagem e fiel à pessoa humana apresenta o mistério cristão de modo significativo e próximo à psicologia e à mentalidade da idade do destinatário concreto e, consequentemente, em clara referência às experiências fundamentais da sua vida.
- É preciso cuidar, de modo especial, da forma concreta de viver o fato religioso em uma determinada sociedade. Não é a mesma coisa fazer um Catecismo para um ambiente caracterizado pela indiferença religiosa e fazê-lo para outro, cujo contexto é profundamente religioso. A relação fé-ciência deve ser tratada com muito cuidado em cada Catecismo.
- A problemática social circunstante, ao menos no que diz respeito aos elementos estruturais mais profundos (econômicos, políticos, familiares…), é um fator muito importante para contextualizar o Catecismo. Inspirando-se na doutrina social da Igreja, o Catecismo saberá oferecer critérios, motivações e linhas de ação que iluminem a presença cristã em meio a tal problemática.
- Finalmente, a situação eclesial concreta que a Igreja particular vive é, sobretudo, o contexto obrigatório ao qual o Catecismo deve referir-se. Obviamente, não as situações conjunturais às quais se provê mediante outros documentos magisteriais, mas sim a situação permanente, que postula uma evangelização com acentos mais específicos e determinados. (DGC, n.133)
Portanto, percebemos aqui que existe uma grande abertura do magistério da Igreja para a adaptação e adequação do conteúdo-mensagem da catequese segundo as diversas realidades das idades e contextos eclesiais.
Fonte: Revista Paróquias
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A Exortação Apostólica pós-Sinonal “Catechesi Tradendae” afirma que a Igreja “é convidada a consagrar à Catequese os seus melhores recursos de pessoal e de energias, sem se poupar a esforços, trabalhos e meios materiais, para organizar melhor e formar para ela pessoas qualificadas (n. 15)”. Inspirados por essa afirmativa, podemos dizer que os próprios catequistas também são convidados a consagrar à catequese suas energias, criatividade, tempo e dedicação. A ação catequética é prioridade em qualquer comunidade eclesial, pois sem ela a vida pastoral perde sua dinamicidade.
Sendo assim, é fundamental afirmar sempre que a catequese não se faz apenas com boa vontade. São comuns nas comunidades paroquiais, pessoas que se apresentam como voluntárias no trabalho evangelizador. No entanto, na Igreja o termo correto para aqueles que se colocam a serviço não é voluntariado, mas missão. O voluntário, geralmente, oferece o tempo que lhe é disponível, mas o missionário precisa dar um passo a mais, consagrando seu melhor tempo ao serviço do Reino.
Além disso, é comum encontrar pessoas que são catequistas, mas também desempenham outros tantos trabalhos na comunidade, o que compromete sua dedicação aos catequizandos. Para ser catequista é necessário ter disponibilidade para a oração, o estudo, os encontros de formação, reuniões para preparar os encontros, etc. Sem isso, a catequese não caminha. Por isso, é impossível falar de catequese de qualidade sem falar em planejamento.
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Inspirados por Jesus
O texto bíblico que inspirou o ano catequético de 2009 será sempre modelo para os catequistas que devem encontrar no comportamento de Jesus pistas para um bom trabalho catequético. No episódio dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), Jesus ensina como um catequista deve agir. Sua paciência em acompanhar os discípulos e aguardar o momento certo para falar-lhes ao coração é pista fundamental no comportamento de todo aquele que deseja catequizar. Portanto, todo planejamento na catequese pode se inspirar na caminhada que Jesus faz com eles.
Ao se colocar a caminho com aqueles discípulos, Jesus procura ouvi-los atentamente. Cada um deles partilha suas angústias, demonstrando como estavam seus corações naquela manhã. Jesus não tem pressa, ouve e acolhe, dá atenção. Quando percebe o momento de falar, não se apresenta de imediato, mas faz com que eles recordem as Escrituras. Catequese sem a Palavra não tira ninguém da escuridão. E assim, cuidadosamente, Jesus apresenta-lhes o conteúdo da história da Salvação, fazendo arder o coração daqueles dois.
Por fim, após verdadeira Catequese, Jesus espera que eles o convidem para a refeição: “Fica conosco Senhor, é tarde e a noite vem chegando” (Lc 24,29). Certamente, a noite que se aproximava do lado de fora já os tinha atingido durante todo o dia do lado de dentro. Seus corações estavam nas trevas. Ao partir o pão com eles, tudo se enche de luz e passa a fazer sentido. O Mestre estava com eles. É momento de partilhar com os outros a experiência do encontro.
Só uma catequese bem planejada é capaz de fazer isso. O catequista que compreende sua missão precisa planejar bem sua ação para que, no caminho, tenha capacidade de ouvir seus catequizandos, mostrar-se atento e acolhedor às suas angústias, apresentar-lhes luz sobre a realidade, conduzindo-os à mesa da partilha para que, fortalecidos pelo Ressuscitado, encontrem ânimo de partilhar com os outros suas experiências de fé e vida.
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O “saber fazer” do catequista
O Diretório Nacional de Catequese, ao tratar da catequese como educação da fé, oferece critérios para o perfil de um bom catequista. Tais critérios são apresentados a partir de três dimensões: ser, saber e saber fazer em comunidade. O “ser” se refere à sua pessoa, o “saber” ao seu conhecimento e o “saber fazer” à pedagogia da catequese, inspirada na pedagogia do próprio Deus.
Sobre o “saber fazer”, seis critérios são fundamentais:
- Cultivar bons relacionamentos;
- Desenvolver sua capacidade de educador;
- Promover a comunicação da vida e da fé;
- Integrar em sua prática elementos da pedagogia;
- Possuir boa metodologia;
- Saber programar e planejar suas ações.
Portanto, vale a pena ressaltar o que já foi afirmado: só com boa vontade não se faz catequese. Quando se fala em planejamento na catequese deve-se ter em conta que o catequista não age isoladamente, ele faz parte de um grupo e representa a Igreja. Sendo assim, é fundamental um planejamento participativo em que todos os catequistas possam oferecer sua colaboração, sempre tendo em vista a pergunta: onde queremos chegar?
Além disso, é essencial fazer o planejamento sempre pensando nos interlocutores do processo catequético: os catequizandos. As comunidades de hoje são bem mais conscientes, pois a catequese não é só para criança, mas também para adolescentes, jovens e adultos. Cada uma dessas fases tem suas particularidades e, por isso, é fundamental saber para quem se planeja a catequese. Nesse processo, nunca devemos esquecer-nos de avaliar o caminho percorrido.
Dicas para o planejamento da catequese
- Recordar que planejamento não é fazer cronograma;
- Planeja-se o trabalho todo, ao longo do ano, mas também cada encontro;
- Os encontros devem ser planejados em equipe e não individualmente;
- Deve-se contar com variedade de recursos e materiais;
- Nos encontros não pode faltar nunca o texto bíblico, como luz sobre todos os temas;
- Os catequistas já experientes não devem aproveitar o mesmo material do ano anterior, integralmente. Deve estar sempre aberto ao Espírito de Deus que “faz novas todas as coisas” (Ap 21,5);
- Nenhum planejamento cumprirá seu papel se o catequista não for pessoa de oração.
A espiritualidade de quem planeja
Todo catequista necessita recordar, com frequência, que seu trabalho é um verdadeiro ministério e que a ação catequética é resposta ao mandato de Jesus: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Nesse sentido, o catequista é chamado a cultivar sua espiritualidade, alicerçada na Palavra de Deus, assumindo sua missão como verdadeira vocação. Seu empenho e dedicação devem levá-lo a perceber o valor de se colocar nas mãos de Deus como instrumento a serviço do Reino.
Por isso, vale recordar que o catequista deve estar sempre aberto a aprender com o próprio Mestre, a fim de que tenha o que ensinar. Nesse processo, diversas vezes, ele mais aprende do que ensina e, por isso, nunca é demais lembrar que o catequista não é o “Mestre”, mas seu discípulo e a Palavra que ele anuncia, é Palavra de Deus do qual ele é porta-voz.
Somente uma espiritualidade alicerçada na Palavra de Deus, fundamentada na vocação que o catequista descobriu em sua vida, fará dele instrumento eficaz na missão. O catequista não está fazendo um “favor” para a Igreja, mas está recebendo de Deus a oportunidade de se realizar profundamente em sua vida enquanto se coloca a serviço. É nesse sentido, que o planejamento na catequese encontra sua razão, pois servir com amor exige preparação e visão clara de onde se quer chegar.