Tenha um olhar aprofundado acerca da metodologia catecumenal no exercício pastoral
O cristianismo é “berço” de vivência da unidade em Cristo. Atualizar esse legado é tornar presente a conversão por meio dos sacramentos da Iniciação Cristã, recebidos frutuosamente. Sobre a metodologia catecumenal, Papa Francisco nos diz, “Toda a formação cristã é, primeiramente, o aprofundamento do querigma que se vai, cada vez mais e melhor, fazendo carne, que nunca deixa de iluminar a tarefa catequética, e permite compreender adequadamente o sentido de qualquer tema que se desenvolve na catequese”. A resposta ao chamado de Deus, na primeira evangelização, é o querer de Deus. Contudo, a Iniciação à Vida Cristã situa-nos na pastoral de cunho catequético-experiencial da fé.
A demanda crescente de adultos sem sentido de participação na Igreja é caminho de maturidade na fé:
- Adultos que não foram batizados;
- Batizados que receberam a Eucaristia, porém abandonaram a Igreja e querem voltar para comunidade;
- Catequizados não suficientemente evangelizados.
Certamente, a catequese até algum tempo fortemente doutrinal é questionada, a liturgia seguindo o tempo litúrgico próprio de cada etapa na metodologia catecumenal é pedagogia em experiência orante! Sugerida no RICA (Ritual da Iniciação Cristã de Adultos). Portanto, na metodologia catecumenal a recepção segmentada dos sacramentos pode ser evitada, a não ser que motivos consistentes possam adiar.
Pedagogia catecumenal
Catequese, liturgia e prudente criatividade pastoral sejam realizadas adequadamente e não transpareçam a ideia de arquipélago, ou seja, isoladamente. “A pedagogia catecumenal acha-se relacionada com o ano litúrgico, apoia-se nas celebrações litúrgicas e conduz o catecúmeno à íntima percepção do mistério da salvação”. Realizemos formação continuada e de inspiração bíblica tendo presente o espírito catecumenal. Da mesma forma, o rosto da Diocese ou Paróquia ganhará novo vigor e corroborará para dinâmica dos ministérios na estrutura eclesial de cunho catecumenal.
Na formação das primitivas comunidades cristãs era claro a pertença ao Ressuscitado. Fé enquanto geradora de comunhão, vida comunitária, socialização missionária do acontecimento Pascal, os sacramentos que aos poucos foram tomando “corpo” e sendo realidade em conotação teológica a partir da mudança de mentalidade. Didaqué, escrito do primeiro século do cristianismo, trabalha bem esses aspectos. É “manual” dos catecúmenos com obrigações morais e sociais. Surgiu com o avanço das viagens apostólicas.
O evento Pentecostes abriu novas frentes e os cristãos entraram em contato com diversas culturas. A missionariedade surge como constitutivo da adesão cristã. A caminhada desses novos cristãos, em muitos, gera esperança na construção de uma nova história (At, 2,47). Dessa forma, não sem dificuldades e oposições, a comunidade foi crescendo e se fortalecendo para ser elo: Deus manifesto em Jesus Cristo e as pessoas convidadas a adesão ao projeto salvífico chegando até o martírio (testemunho).
Leia mais:
Três dinâmicas para o primeiro dia de catequese aproximar os catequizandos
O catecumenato
No segundo século surge o Catecumenato com formação para maturar as motivações dos candidatos e proposta de leva as pessoas fazerem parte da comunidade cristã, por meio do recebimento dos sacramentos da Iniciação Cristã com suas exigências. Esse itinerário acontece nas práticas litúrgico-rituais para direcionar na celebração e na vida o que irão abraçar durante esse percurso formativo . As terminologias Iniciação à Vida Cristã e Catecumenato eram tomadas praticamente com o mesmo sentido.
Entendemos Iniciação à Vida Cristã o processo feito ao percorrer etapas e tempos: pré-catecumenato, catecumenato, iluminação e mistagogia. Envolve toda existência. Esse percurso tem por objetivo “[…] vão senso desenvolvidos paulatinamente, ou seja, o que falta a eles na caminhada cristã, Deus vem ajudá-los por intermédio de sua graça transformadora. Enquanto isso, são acompanhados, instruídos e engajados na comunidade. Tornando-se também multiplicadores dessa beleza de serem convertidos ao Senhor da vida”.
Primeiramente, o termo Catecumenato é o tempo de intensa catequese e contato do catecúmeno com sua comunidade. É importante frisar: “Por ser uma iniciativa da Igreja e para toda a Igreja o catecumenato não se restringe ao âmbito de algum grupo, movimento ou pastoral” . A Igreja é convidada, o quanto antes, a colocar em prática o modelo catecumenal. Ou seja, as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2015-2019) deixam bem claro ao mencionar, Igreja: casa da Iniciação à Vida Cristã.
Orientações do RICA
É salutar o engajamento de todos para ser expressão da Igreja. O RICA orienta: “A fiel observância do que está prescrito neste Ritual e o conveniente aproveitamento, com criatividade e senso pastoral, das várias opções e alternativas oferecidas hão de levar a própria comunidade eclesial a redescobrir a riqueza admirável dos sacramentos da Iniciação Cristã”. Sendo assim, a maneira celebrativa não dispensa a inclusão prudente e dinâmica litúrgica para tornar agradável e frutuosa a participação dos adultos, respaldado com aval do Bispo diocesano e ser realizado pela igreja particular em espírito de mútua colaboração.
Leia mais:
A missão de incentivar Jovens Catequistas
Perguntas para aprofundamento pastoral:
- Em nossa realidade eclesial percebemos a metodologia catecumenal em ação: pré-catecumenato, catecumenato, iluminação e mistagogia?
- Há motivação dos catequistas e formação continuada em vertente bíblica para leitura orante na catequese?
- Já fizemos planejamento, não ainda cronograma! Sobre a estrutura catecumenal dos que receberam os sacramentos da Iniciação Cristã?
- Percebemos os furtos dos catequizandos iniciados na metodologia catecumenal?
Fr. Gilberto Siqueira Alves, OFMCap. Especialista em Pedagogia Catequética pela PUCGO. Vigário na Paróquia São Benedito, Teresina-PI. Leciona Teologia na Escola Diaconal da Arquidiocese de Teresina – Piauí. Há mais de 10 anos assessora formações e assembleias acerca da aplicação da Iniciação à Vida Cristã. Publicou o livro, em 2011, A Pedagogia da Iniciação Cristã com Adultos.
Fonte: Revista Paróquias