O documento final do Sínodo da Amazônia foi entregue neste sábado (26) e propõe a ordenação de homens casados, o diaconato para mulheres e a preservação da Casa Comum, conceituando o “pecado ecológico”
Neste sábado, 26 de outubro, foi apresentada a versão final do documento do Sínodo Da Amazônia. O encontro ocorre desde o dia 6 deste mês e terminará com uma celebração extraordinária presidida por Papa Francisco neste domingo (27) na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
O documento emite a ideia principal de que a sociedade amazônica precisa submeter-se a uma “conversão ecológica e cultural” passando pelo combate ao “pecado ecológico”. O termo já foi mencionado pelo Pontífice em sua encíclica “Laudato Si” do ano de 2015. Durante o Sínodo, o conceito de “pecado ecológico” foi elaborado. Afirma que o desrespeito à natureza seja visto como uma nova forma de pecado, pois representa um desrespeito ao “Criador” e à sua obra: o planeta Terra e todos os seres existentes.
Ordenação de homens casados
O documento do Sínodo da Amazônia propôs um tema que está gerando polêmica: a ordenação de homens casados, em casos específicos, para suprir a falta de padres na Amazônia. Durante as três semanas do Sínodo, a falta de padres ficou evidente, gerando uma grande preocupação da maioria dos bispos da região amazônica.
A proposta de ordenar homens casados de boa reputação, os chamados “viri probati”, ganhou força ao longo dos dias. Mesmo sendo um dos parágrafos que receberam menos votos de aprovação (128 a favor e 41 conta), o número 111 do texto acabou passando. Eram precisos 120 votos.
No documento final, destaca-se mais precisamente a proposta de elevar os diáconos permanentes ao nível de padres. Os denominados diáconos, são homens que possuem uma ordenação apenas em primeiro grau e têm como função realizar serviços nas comunidades. Os diáconos podem presidir celebrações, mas não missas e não possuem autorização para ouvir confissão e nem realizar a unção dos enfermos.
Mulheres na Igreja
Em 2016, a pedido de um grupo de religiosas, Francisco criou uma comissão no Vaticano para estudar o diaconato feminino. A ideia era compreender como isso funcionava no passado, pois mesmo que usassem o nome “diaconisas”, nem sempre eram o equivalente aos diáconos homens.
Essa comissão terminou seu trabalho em dezembro de 2018 sem chegar a um consenso sobre o que foi o diaconato feminino no passado. Desde então, o tema ficou sem conclusão e o Papa deixou que os teólogos trabalhassem de forma independente, sem a comissão.
Durante o Sínodo, os bispos da Amazônia pediram que esse debate fosse retomado e desejam fazer parte dele. Em apontamento, o documento concluiu que “se reconheceu o papel fundamental das mulheres religiosas e leigas na Igreja”. “Gostaríamos de compartilhar nossas experiências e reflexões com a Comissão e esperamos os seus resultados”, diz o texto.
Em resumo, no discurso de encerramento do Sínodo, Francisco prometeu reabrir a comissão sobre as mulheres diaconisas.
Indígenas
O documento do Sínodo da Amazônia orienta a ampliação na defesa dos povos indígenas da Amazônia “mediante a garantia legal e inviolável dos territórios que ocupam de forma tradicional”. Dessa forma, o Sínodo pede mais mecanismos de cooperação entre os estados, especialmente nas fronteiras.
“Em todo momento, deve-se garantir o respeito a sua autodeterminação e à sua livre decisão sobre o tipo de relações que queiram estabelecer com outros grupos”, diz o texto, acrescentando que a ameaça está especialmente na “ampliação das fronteiras extrativas de recursos naturais e no desenvolvimento de megraprojetos de infraestrutura”.
Devido a essas ameaças, os sacerdotes sinodais propõem que a Igreja crie uma nova instituição. Uma espécie de “observatório socioambiental pastoral” realizando um diagnóstico do território e de seus conflitos socioambientais para que a Igreja saiba como se posicionas diante delas.
Confira as decisões mais importantes do documento do Sínodo da Amazônia:
- O conceito de “pecado ecológico” como uma “ação ou omissão contra Deus, contra o próximo, a comunidade e o ambiente” e o chamado à conversão e o cuidado da “casa comum”, isto é, o planeta Terra.
- Promover uma “ecologia integral como único caminho possível”. A ideia é não separar as questões ecológicas dos problemas sociais.
- Proposta de criação de um observatório da Igreja para denunciar problemas ambientais e sociais, promovendo a “defesa da vida” e “defendendo os direitos dos mais vulneráveis”.
- Pedido de maior mobilização da comunidade internacional para destinar recursos econômicos para a proteção da floresta e para a promoção de “um modelo de desenvolvimento justo e solidário” na Amazônia.
- Proposta de ordenação de homens casados nas zonas remotas da Amazônia para suprir a falta de padres.
- Reconhecimento do “papel fundamental das mulheres” nas comunidades da Amazônia. Um pedido para que líderes da região possam participar da discussão sobre a implantação do diaconato feminino.
13 comentários
Não quero ser simplista, mas a questão da ordenação dos casados ainda existe uma outra possibilidade que é:”cada diocese do Brasil enviar 2 padres pra lá e estes permanecem durante dois anos, após este período realiza-se a troca”. Acredito que este gesto aliviaria e muito algumas tensões .
Homem casado para suprir a falta de padres? Isso vai contra os dogmas da igreja , perde a essência do sacerdócio. Aprovar isso é colocar o comunismo em ação, destruindo toda essencialidade da fé católica. Diáconos ok, agora diácono atuar como padre. É uma heresia ao Corpo e Sangue de Cristo.
Olá Fatima, obrigado pelo seu comentario. Apenas uma correção: o Celibato não é um dogma da Igreja, mas sim uma norma. Deus abençoe e forte abraço.
Fui seminarista minha vida sempre foi servi ao povo de DEUS mais no decorrer do tempo me apaixonei por uma moça muito religiosa fiquei dividido e acabei me casando nunca saio do meu coração a vocação do sacerdócio hoje trabalho e tenho uma vida social longe do serviço à DEUS se For aprovado sei que voltará grandens padres para o serviço à DEUS
Obrigado por contribuir. Você já conhece o evento Catequistas Brasil? Veja no site http://www.evento.catequistasbrasil.com.br
Tem muito peso morto acrescentado à Igreja desde a idade média que precisa de uma poda para que o Espírito de Jeus venha a prevalecer na Amazônia e no mundo inteiro.
Tem muito peso morto acrescentado à Igreja desde a idade média que precisa de uma poda para que o Espírito de Jesus venha a prevalecer: na Amazonia e no mundo inteiro!
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Mas como pode um Papa contrariar o entendimento e posicionamento dos 2 últimos Papas, sendo um deles Santo?
Também nao entendo essa atenção pa Amazônia!
Direito a Vida? Sim. Todos temos inclusive nossos irmaos venezuelanos, africanos e agor também os conterreneos de Francisco, no entanto nao vejo essa preocupação. Tenho me esforçado mas admito que nao está fácil defender no Papa.
Sínodo da Amazônia 2019, Papa Francisco…. significativamente pertinente, santificadamente pertinente!!
Também concordo com o Valter. Temos nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, tem feito um trabalho muito bonito neste sentido. Se todas dioceses trabalhassem juntas, bons frutos serão colhidos.
Sou a favor do Diácono permanente, uma vez que a missão brota da necessidade da igreja. Mas o trabalho deles é de fato ajudar as comunidades na caridade, ir de encontro com os mais necessitados.
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